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LUTS e o subtratamento de sintomas de armazenamento

Astellas

Conheça mais detalhes sobre os sintomas de armazenamento que podem estar presentes em pacientes com sintomas do trato urinário inferior e os problemas relacionados ao subtratamento dessa condição.

Os sintomas do trato urinário inferior – do inglês: Lower Urinary Tract Symptoms (LUTS) – compreendem uma gama de condições que podem afetar de forma negativa a qualidade de vida de homens e mulheres e, por isso, devem ser tratados de maneira objetiva e detalhada. De acordo com a International Continence Society (ICS), esses sintomas podem ser classificados em três tipos: de armazenamento, de esvaziamento e pós-miccionais¹.

Classificação dos sintomas¹:

  • Sintomas de armazenamento: aumento da frequência urinária, noctúria, urgência, incontinência urinária e enurese noturna.
  • Sintomas de esvaziamento: jato fraco, intermitência, hesitação miccional, esforço miccional e gotejamento terminal.
  • Sintomas pós-miccionais: sensação de esvaziamento incompleto e gotejamento pós-miccional.

Sintomas de armazenamento subtratados

O estudo Brasil LUTS, pesquisa epidemiológica nacional com 5.184 homens e mulheres brasileiras com mais de 40 anos, revelou uma alta prevalência de sintomas de armazenamento em indivíduos com LUTS. Em relação ao tratamento de pacientes com esses sintomas (armazenamento), a escolha terapêutica pode abranger desde a mudança de hábitos de vida até o uso medicamentoso de fármacos como antimuscarínicos e beta-3 agonistas².

Estudos revelam, também, que os sintomas de armazenamento não são tratados adequadamente em muitos pacientes e que, para transformar esse cenário, as terapias devem ser realizadas de forma individualizada. A realização de um tratamento ineficaz ou sem um acompanhamento contínuo é prejudicial e afeta diretamente a qualidade de vida dos pacientes2-3.

  • Subtratamento em homens

Estudos têm demonstrado altas taxas de falha de tratamento medicamentoso para LUTS quando baseados somente nos medicamentos direcionados para a próstata, tais como alfabloqueadores e inibidores de 5-alfa-redutase. Em linha com isso, os guidelines atuais para tratamento de LUTS-HPB incluem medicamentos voltados para outros mecanismos, tais como os antimuscarínicos, agonistas de receptores beta-3, inibidores de fosfodiesterase-5 e desmopressina2,4.

Além disso, 50% dos homens com hiperplasia prostática benigna (HPB) apresentam sintomas de armazenamento. De fato, estudos demonstraram uma associação entre obstrução infra-vesical (OIV) e hiperatividade detrusora (HD). Nos homens com LUTS atribuídos ao aumento prostático benigno, a HD estava presente em 61% e foi independentemente associada ao grau de obstrução e à idade4,5.

  • Subtratamento em mulheres

Já em relação ao sexo feminino, grupo com maior propensão a apresentar LUTS de acordo com o estudo Brasil LUTS, o aumento dos sintomas de armazenamento é o aspecto que mais gera insatisfação e, consequentemente, descontinuidade dos tratamentos. Portanto, é possível concluir que algumas terapias não têm sido eficazes no controle desses sintomas. Nesse caso, recomenda-se a modificação da terapia medicamentosa e/ou comportamental6.

Adesão ao tratamento

Como abordado anteriormente, os sintomas do trato urinário inferior podem diminuir consideravelmente a qualidade de vida do paciente. Dessa maneira, é importante investigar quais sintomas mais influenciam a procura por cuidados médicos e, em geral, quais são as causas de insatisfação relacionadas ao tratamento. Entre o grupo masculino, por exemplo, a sensação de esvaziamento incompleto é uma das principais razões de descontinuação. Já entre as mulheres, a incontinência urinária e a enurese noturna são os sintomas que geram mais interrupções terapêuticas6,7.

Ao considerar dados do Brasil LUTS, uma de suas análises registrou que cerca de 25,9% dos pacientes que receberam tratamento relataram insatisfação e 8,3% descontinuação. De forma geral, aproximadamente, 75% dos pacientes analisados estavam satisfeitos com o tratamento, dado que sugere a necessidade de uma maior educação dos pacientes, realizada por meio de um trabalho ativo dos médicos, sobre os benefícios potenciais do tratamento6.

Nesse cenário, além dos esforços voltados para a educação do paciente, como forma de proporcionar mais assertividade e, assim, adesão às terapias indicadas, a Organização Mundial de Saúde (OMS) e alguns órgãos de urologia do mundo estabeleceram a avaliação inicial mínima que quantifica os sintomas urinários e guia o cuidado assistencial. Com a realização correta de cada etapa da avaliação em conjunto com um estudo abrangente sobre cada caso, a assistência será otimizada e, assim, escolhas terapêuticas personalizadas e mais eficazes implicarão positivamente na adesão a tratamentos para os sintomas do trato urinário inferior7.

Referências:

  1. Abrams P, Cardozo L, Fall M et al. The standardisation of terminology of lower urinary tract function: report from the Standardisation Sub-committee of the International Continence Society. Neurourol Urodyn. 2002;21(2):167-78.
  2. Soler R, Gomes CM, Averbeck MA, Koyama M. The prevalence of lower urinary tract symptoms (LUTS) in Brazil: Results from the epidemiology of LUTS (Brazil LUTS) study. Neurourol Urodyn. 2018;37(4):1356-64.
  3. Oelke M et al. Diretrizes para os sintomas do trato urinário inferior masculino [Internet]. Acessado em: 09 abr 2020. Disponível em: <http://portaldaurologia.org.br/medicos/wp-content/uploads/2017/06/135.pdf>.
  4. Gravas S et al. European Association of Urology. 2020 Management of Non-Neurogenic Male LUTS Guidelines. Acessado em: 06 mai 2020. Disponível em: <https://uroweb.org/guideline/treatment-of-non-neurogenic-male-luts/>.
  5. De Nunzio C et al. The evolution of detrusor overactivity after watchful waiting, medical therapy and surgery in patients with bladder outlet obstruction. J. Urol. 2003; 169: 535–9.
  6. Soler R et al. Impact of LUTS on treatment-related behaviors and quality of life: A population-based study in Brazil. Neurourol Urodyn. 2019;38(6):1579–1587.
  7. Filho MZ, Nardozza Júnior A, Reis R. Sociedade Brasileira de Urologia (SBU). Urologia Fundamental. São Paulo: Planmark, 2010.