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Sintomas de armazenamento residuais pós-tratamento cirúrgico de HPB

Astellas

Sintomas de armazenamento residuais pós-tratamento cirúrgico de HPB

Saiba mais sobre os sintomas que podem persistir mesmo após procedimentos cirúrgicos para HPB e impactar a qualidade de vida dos pacientes

Os Sintomas do Trato Urinário Inferior (LUTS), podem estar associados a diversas condições de saúde, entre elas a Hiperplasia Prostática Benigna (HPB), que podem causar grande desconforto aos pacientes. Nesse caso, a escolha terapêutica para cada indivíduo deve ser realizada com base em uma análise profunda e personalizada, visto que, mesmo após procedimentos cirúrgicos, sintomas residuais podem surgir e comprometer a qualidade de vida (QV) do paciente. Nesse cenário, evidências indicam que os sintomas de armazenamento residuais são os mais comuns e merecem atenção por seu alto índice de prevalência e incômodo1,2.

Sintomas de armazenamento³:

  • Aumento da frequência urinária;
  • Noctúria;
  • Urgência;
  • Incontinência urinária;
  • Enurese noturna.

Tratamento cirúrgico e sintomas residuais

O tratamento cirúrgico da HBP sintomática se baseia na remoção, destruição, isquemia ou afastamento do tecido adenomatoso obstrutivo e entre os possíveis procedimentos considerados para o tratamento da condição estão: ressecção transuretral da próstata (RTUP); prostatectomia simples; incisão transuretral da próstata (ITUP); vaporização transuretral da próstata; vaporização fotosseletiva da próstata (PVP); urolift; terapia transuretral por microondas (TUMT); ablação transuretral com agulha (TUNA); enucleação a laser; aquablação; e embolização da artéria da próstata (EAP)².

Os sintomas de armazenamento residuais podem persistir após os procedimentos cirúrgicos listados, como no caso da enucleação da próstata com Holmium Laser (HoLEP), em que persistem com uma frequência de aproximadamente 19,2%. Entretanto, estudos revelam que as manifestações não duraram mais do que 1-2 meses e obtiveram resposta positiva à terapia com anticolinérgicos4.

Nesse sentido, diversos fatores podem ocasionar o reaparecimento e/ou persistência desses sintomas. Uma análise pós-ressecção transuretral da próstata, por exemplo, revelou a existência de correlações positivas e consistentes entre grau basal de sintomas iniciais de armazenamento, capacidade da bexiga, contratilidade do detrusor e idade, e a melhora nos sintomas de armazenamento5.

De acordo com a última atualização das diretrizes da American Urological Association (AUA), os médicos devem realizar estudos de volume residual pós-miccional (PVR) e considerar urofluxometria antes de indicar procedimento cirúrgico. Em casos onde há incerteza sobre o diagnóstico de HPB, o estudo de fluxo pressão (urodinâmica) deve ser considerado. Além disso, conhecer detalhadamente os sintomas do paciente possibilita a criação de estratégias que combatam a todos os tipos de sintomas e reduzam a probabilidade de manifestações residuais².

Escolha terapêutica para HPB

Nos casos em que há uma avaliação prévia que indique a maior prevalência de sintomas de armazenamento no individuo com HPB, essas manifestações vesicais devem ser cuidadosamente analisadas. Isso porque é preciso avaliar a possível existência de outras síndromes associadas à condição, que possam fazer com que os sintomas persistam ou piorem após a cirurgia, como a bexiga hiperativa (BH) por exemplo. Essa avaliação detalhada e contínua é necessária não apenas para nortear procedimentos cirúrgicos, mas também para direcionar a primeira escolha terapêutica¹.

Entre as terapias disponíveis para esse tipo de sintomas estão a mudança de hábitos de vida e a utilização dos fármacos antimuscarínicos e beta-3 agonistas. Em casos pós-cirúrgicos em que há presença de sintomas de armazenamento residuais, o tratamento com uma dessas opções medicamentosas também deve ser levado em consideração¹.

Sintomas de armazenamento e QV do paciente

A preocupação médica relacionada aos sintomas de armazenamento residuais se dá graças a evidências recentes, que comprovam o grande impacto dos sintomas de armazenamento na qualidade de vida do paciente. Resultados do estudo epidemiológico Brasil LUTS mostraram que esses sintomas são mais prevalentes do que os de esvaziamento (jato fraco, intermitência, hesitação miccional, esforço miccional e gotejamento terminal)¹.

Esse dado revela a necessidade de uma visão diferenciada em relação aos tratamentos. O uso de alfa-bloqueadores ou combinação de alfa-bloqueador com inibidor de 5-alfa-redutase, medicamentos comumente utilizados, pode não oferecer alívio adequado dos sinto­mas de armazenamento, por exemplo. Por isso, fala-se tanto em tratamento personalizado para que as terapias sejam assertivas e, no caso de persistência desses tipos de sintomas após procedimentos cirúrgicos, o problema seja corretamente eliminado¹.

Referências:

  1. Soler R, Gomes CM, Averbeck MA, Koyama M. The prevalence of lower urinary tract symptoms (LUTS) in Brazil: Results from the epidemiology of LUTS (Brazil LUTS) study. Neurourol Urodyn. 2018;37(4):1356-64.
  2. Foster H et al. American Urological Association (AUA) [Internet]. Benign Prostatic Hyperplasia: Surgical Management of Benign Prostatic Hyperplasia/Lower Urinary Tract Symptoms (2018, amended 2019). Acessado em: 28 mai 2020. Disponível em: <https://www.auanet.org/guidelines/benign-prostatic-hyperplasia-(bph)-guideline>.
  3. Abrams P, Cardozo L, Fall M et al. The standardisation of terminology of lower urinary tract function: report from the Standardisation Sub-committee of the International Continence Society. Neurourol Urodyn. 2002;21(2):167-78.
  4. Barboza L et al. Enucleação da próstata com Holmium Laser versus ressecção transuretral da próstata (RTUP). Rev. Col. Bras. Cir. 2015;42(3):165-170.
  5. Choi H et al. Prediction of Persistent Storage Symptoms After Transurethral Resection of the Prostate in Patients With Benign Prostatic Enlargement. Urol Int. 2014;93(4):425-30.