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LUTS feminino não neurogênico

McCann Health Brazil

Os LUTS (Lower Urinary Tract Symptoms) acometem as funções essenciais do trato urinário inferior. As ocorrências mais comuns envolvem aumento da frequência urinária, urgência, noctúria e incontinência urinária. Em termos gerais, tais manifestações configuram síndromes clínicas, como bexiga hiperativa, bexiga hipoativa, micção disfuncional, fístulas geniturinárias e afins. Por se tratar de sintomas que afetam o trato urinário inferior, evidencia-se que tanto homens quanto mulheres estão sujeitos aos LUTS. Na publicação EAU Guidelines on Non-Neurogenic Female LUTS 2021, da Associação Europeia de Urologia, foram analisadas evidências científicas de LUTS femininos não neurogênicos. O objetivo é fornecer uma orientação prática baseada em evidências sobre os problemas clínicos associados aos LUTS femininos. O diferencial dele está em atualizar o guideline, que vem sendo feito desde 2001, inserindo mulheres com condições urológicas funcionais não necessariamente associadas à incontinência urinária – uma vez que elas não faziam parte das amostragens anteriores.

Em um primeiro momento, destacam-se os resultados das evidências nos grupos estudados acerca do diagnóstico. Ressaltou-se a importância de buscar o histórico médico completo da paciente com LUTS, incluindo sintomas e comorbidades, além do exame físico. Questionários validados e apropriados são uma etapa importante para a detecção dos sintomas, uma vez que eles funcionam como um sinal de alerta para os médicos. Recomenda-se realizar, por pelo menos três dias, o acompanhamento da rotina da bexiga do paciente, organizando uma espécie de “diário”, uma vez que eles são indicadores eficientes de pequenas variações cotidianas. Com a medição confiável do volume médio urinário, além dos índices de frequência urinária noturna e diurna, aliados à recorrência de episódios de incontinência, é possível realizar um diagnóstico padronizado de LUTS feminino. A diretriz alerta que urianálise negativa para nitrito e esterase de leucócitos podem excluir bacteriúria em mulheres com LUTS, portanto, é necessário que a realização desse exame seja apenas uma etapa inicial da avaliação da paciente. Evidências foram levantadas apontando que os LUTS podem ser agravados durante uma infecção do trato urinário e, por isso, a paciente deve ser analisada novamente após o fim do tratamento de tal infecção quando associada a esses sintomas. Também foi observado que não é eficiente o tratamento de bacteriúria assintomática em pacientes que residem em lares para idosos com o objetivo de melhorar a incontinência urinária. Além disso, a diretriz destaca que a indicação do exame urodinâmico deve seguir os protocolos estabelecidos pela International Continence Society em pacientes com LUTS.

No trecho final da diretriz, discute-se sobre os tratamentos disponíveis para o manejo dos LUTS. Assim, por exemplo, no capítulo de manejo de doenças e no trecho sobre bexiga hiperativa, são recomendados terapias não cirúrgicas – ao menos em um estágio inicial e em uma abordagem mais conservadora. Contudo, a utilização de fármacos, sobretudo os anticolinérgicos (antimuscarínicos), tem preocupado a comunidade médica e científica quando se fala de eventos adversos – muitos deles atrelados à função cognitiva. No subtópico relacionado a esse tipo de droga é destacado que esse tipo de medicamento pode ocasionar boca seca, constipação, visão turva, fadiga e disfunção cognitiva.

Como alternativa surgem os medicamentos beta-3 agonistas, grupo ao qual a Mirabegrona foi pioneira. Foi comprovado que ela é tão eficaz quanto os anticolinérgicos para a melhora dos sintomas de Bexiga Hiperativa e possui taxas de eventos adversos similares as do placebo. Desta forma, o seu uso é recomendado como uma alternativa no tratamento de Bexiga Hiperativa em mulheres que não aceitam bem o tratamento conservador (terapias comportamentais).

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Referências:

  • Harding CK, Lapitan MC, Arlandis S, Costantini KBøE, Groen J, Nambiar AK, Omar MI, Phé V, Van der Vaart CH. Non-neurogenic Female LUTS. EAU Guidelines. Edn. presented at the EAU Annual Congress Milan 2021. ISBN 978-94-92671-13-4

UROL-PROM-161 057-4848-PM Julho 2021