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Prevalência de sintomas de armazenamento e impacto em qualidade de vida em pacientes com luts

McCann Health Brazil

O estudo “The prevalence of lower urinary tract symptoms (LUTS) in Brazil: Results from the epidemiology of LUTS (Brazil LUTS) study” publicado na Neurourology and Urodynamics avaliou a prevalência e o impacto de LUTS – sintomas do trato urinário inferior – na população brasileira com 40 anos ou mais em cinco grandes cidades do país. O levantamento avaliou os pacientes através do Internacional Prostate Symptom Score (IPSS) e do questionário OAB-V8 para fazer o levantamento desses dados. Os LUTS são um conjunto de sintomas do trato urinário inferior relacionados ao armazenamento, esvaziamento e à fase pós miccional . Há evidências que a prevalência de LUTS é maior que 60% em pessoas com mais de 40 anos.

Neste estudo foram avaliados 5.814 indivíduos de diferentes estados do Brasil a fim de se obter um dado único relacionado ao país. Para isso, foram ouvidas pessoas de São Paulo, Porto Alegre (RS), Recife (PE), Belém (PA) e Goiânia (GO). Além disso, estabeleceram-se duas definições de LUTS baseadas em uma escala Likert, a qual se baseava na frequência dos sintomas sofridos – ao menos uma micção, noctúria em dois ou mais episódios ou sintoma pós-miccional – pelos participantes no mês anterior ao ser questionado. Essa escala era dividida da seguinte forma: nenhum sintoma (pontuação 0), menos que um sintoma em 5 vezes (pontuação 1), menos que metade das vezes (pontuação 2), cerca da metade das vezes (pontuação 3), maior que a metade das vezes (pontuação 4), ou quase sempre (nota 5). Desta forma, a primeira definição considerava LUTS de 2 a 5 pontos na escala, ou seja, sintomas ocorrendo menos da metade das vezes ou mais. Já a segunda partia da pontuação 3 e ia até a 5 – considerando manifestações ocorrendo metade das vezes ou mais.

A maior parte das pessoas entrevistadas eram mulheres (53%) e a faixa etária majoritária foi de 50 a 59 anos. Assim, foi verificado que a prevalência de LUTS neste grupo etário foi de 75%, sendo 69% nos homens e 82% nas mulheres. Percebeu-se também que a idade foi um fator determinante para notar um aumento na incidência desses sintomas. Entre as mulheres com 70 anos ou mais, por exemplo, foi encontrada uma prevalência de 95,6%, e nos homens com a mesma faixa etária 71,3%. No gráfico abaixo, é possível verificar esses dados de acordo com a primeira definição no gráfico A e com a segunda definição no gráfico B.

Dentre as inúmeras possibilidades de LUTS, foi observado que os sintomas de esvaziamento eram mais comuns em homens, com destaque para o gotejamento terminal que estava presente em 25,2% desses indivíduos, e que os sintomas relacionados a armazenamento estavam mais atrelados às mulheres, sendo a a polaciúria o mais recorrente (32,3%). Contudo, quando analisados os sintomas mais comuns de acordo com as definições estabelecidas, percebe-se uma ligeira diferença: partindo da primeira definição, os subtipos e combinações mais recorrentes foram os relacioniados ao armazenamento, em primeiro lugar – estando presente em 20,6% dos homens e em 36,4% das mulheres –, seguido pela junção de micção e sintomas de armazenamento. A segunda definição também coloca os sintomas de armazenamento como as principais manifestações, porém com números de prevalência ligeiramente diferentes (13,3% e 30% em homens e mulheres, respectivamente). Destaca-se que em ambas as definições foi percebido que de 40% a 50% dos indivíduos acometidos pelos LUTS tinham mais de um sintoma.

Devido ao fato de o Brasil ser um dos países com maior diversidade demográfica do mundo, outros estudos fizeram levantamentos em diferentes cidades. Em Salvador (BA), constatou-se que 67% das pessoas com 30 anos ou mais sofriam com LUTS – com pelo menos dois episódios noturnos – de acordo com as definições da Internacional Continence Society (ICS). Já em Pouso Alegre (MG), foi observada a prevalência de incontinência urinária em 20% da população de adultos com 18 anos ou mais. Em outro estudo, desta vez realizado em São Paulo, foram levantados dados sobre incontinência urinária e noctúria nos residentes da cidade, foi observado que 11% possuíam incontinência urinária atual, 51% incontinência urinária esporádica e 74% incontinência urinária.

Os LUTS podem impactar seriamente no cotidiano das pessoas que possuem tais sintomas, interferindo, sobretudo, em setores como qualidade de vida, funcionamento social, vida sexual e produtividade – como no trabalho profissional, por exemplo. Assim, é possível destacar que é necessário compreender as diversas consequências que essa condição pode gerar para que, dessa forma, seja possível criar mecanismos que deem conta de tratar as pessoas de maneira eficaz. Foi verificado que as pessoas portadoras de LUTS estariam “principalmente insatisfeitas”, “infelizes” e acreditavam ser “terrível” ter que lidar com tal condição para o resto da vida.

Referências:

Soler R, Gomes CM, Averbeck MA, Koyama M. The prevalence of lower urinary tract symptoms (LUTS) in Brazil: Results from the epidemiology of LUTS (Brazil LUTS) study Neurourol Urodyn. 2018 Apr;37(4):1356-1364.

UROL-PROM-195  – 057-5076-PM / Dez / 2021